Petição A selecção nacional de futebol precisa de um novo comandante
Para: Federação Portuguesa de Futebol
A selecção nacional precisa de um novo comandante para garantir o apuramento para o Mundial de 2010; já!
Todos respeitamos Carlos Queiroz (CQ). É uma figura com indiscutível prestígio internacional no mundo do futebol com um curriculum notável como técnico de camadas jovens, em que nos conduziu a dois títulos mundiais. É há anos consultor técnico da FIFA e tem sido chamado a treinar estruturas respeitadas do futebol mundial, desde a selecção da Africa do Sul, passando pelos colossos Manchester United (MU) e Real Madrid (RM). Sir Alex Ferguson (AF), um lenda viva do futebol, sabe bem do seu valor e por isso já o chamou duas vezes para seu adjunto no MU, reconhecendo-lhe aquilo que ele não consegue dar ao MU e que CQ, como grande estudioso do futebol, domina: metodologia de treino, táctica, em resumo, ciência do futebol. Por isso, com a dupla AF&CQ o MU tornou-se numa equipa temível: tricampeã em Inglaterra e vencedora da Champions League. Juntou-se ali a ciência de CQ com a argúcia, a perspicácia, a capacidade de ler o jogo, de comando e de motivação de AL. A receita de sucesso de Mourinho, Rafa Benitez e de outros treinadores passa por aí: perceber de futebol e saber comandar um grupo de jogadores. Mas para se estar numa selecção, por aquilo que ela representa para um país, para um povo, é preciso ainda algo mais: requer a habilidade de mobilizar uma nação em torno dum grupo de jogadores, em torno duma equipa que nos representa a todos e que defende, à morte, como se diz na gíria futebolística, a camisola nacional. Com Luís Filipe Scolari, todos se lembram, a selecção nacional era a equipa de todos nós. Com CQ deixou de o ser. Porquê? Talvez devido à sua personalidade, algo fria, sobranceira, ao mesmo tempo que distante e frouxa para com os jogadores. Estes traços de CQ já lhe tinham causado problemas no RM, onde foi dispensado sem glória e onde não deixou saudades. Desde que CQ assumiu o comando da selecção esta passou a apresentar um futebol sem chama, desarticulado entre sectores, e onde afloram individualismos em detrimento do colectivo. A este facto não estarão alheias as sucessivas mudanças do onze e de jogadores convocados que CQ introduziu,de chofre,ao grupo coeso, e numericamente contido, que recebeu de Scolari. Chegámos ao ponto de mesmo os que seguem com atenção o fenómeno futebolístico já não sabem muito bem quem são os jogadores da selecção. E sendo assim, como podem os adeptos identificar-se com a selecção nacional, se deixaram de ter claro quem são os seus ídolos, se não sabem quem jogou ontem e quem vai alinhar amanhã? As provas, irrefutáveis, estão aí: Portugal apresenta um saldo negativo de resultados em jogos oficiais, e em jogos amigáveis até fomos cilindrados por sete pelo Brasil, a quem, com Scolari, vínhamos ganhando regularmente. Foi uma exibição vergonhosa, uma das páginas mais negras da história do futebol português. Depois dessa derrota por números escandolosos,seja quando joga fora, seja em casa, e apesar de contar com ilustres craques do futebol europeu, a selecção repete desempenhos fracos, empata ou vê-se aflita para ganhar por um golo a selecções de terceira linha. CQ insiste em fazer alinhar de início, cinco, ou mesmo seis defesas, pelo que não surpreende que os adversários, mesmo os mais frágeis da Europa, nos percam o respeito. E mais preocupante, a selecção de CG não revela capacidade de competir com selecções medianas, como a Suécia, a Dinamarca e a Hungria, com quem estamos a discutir um apuramento que poderia e deveria ser dos mais fáceis. Contudo, a campanha de qualificação de Portugal tem sido medíocre e a verdade é que estamos a um bem pequeno passo de ficar fora do Mundial 2010. Só uma mudança radical de liderança pode inverter esse rumo catastrófico para o nosso futebol, depois de uma série de cinco presenças consecutivas em grandes certames. Pior que isso: é o próprio espírito de selecção que está a ser destruído, jogo após jogo, entrevista após entrevista. Basta recordar quando, recentemente, fazendo balanço do seu trabalho, CQ afirmou publicamente que “tem vindo a cumprir objectivos”, numa atitude que raia a arrogância e atenta contra a nossa inteligência.
Pelo exposto, os abaixo-assinados exigem ao Senhor Gilberto Madaíl, e à Direcção da FPF a que preside, que, no superior interesse da selecção de Portugal, cheguem a um acordo com o professor Carlos Queiroz para a sua imediata saída. No seu lugar deverá entrar, já para o próximo jogo, decisivo, com a Dinamarca, em Setembro, um treinador com o perfil adequado para motivar os jogadores e para melhor explorar o seu potencial. E também para ter autoridade sobre eles, quando caso disso.
E ainda, não menos importante, um seleccionador que volte a empolgar os portugueses.
Um líder, que com o seu carisma nos encoraje a fazer novamente saltar cá para fora as bandeiras, agora arrumadas no sótão, mas que em tempos encheram as nossas varandas com as cores nacionais, de forma tão bonita, que até nos enchia de orgulhos sermos portugueses. Portugueses e adeptos incondicionais daqueles valorosos rapazes que no campo davam tudo por Portugal, e que nos retribuíam esse afecto com vitórias históricas, momentos inesquecíveis.
