Petição para o cancelamento do projeto de Aproveitamento Hidroelétrico de Lourizela 2012
Para: Presidente da C.C.D.R.C. - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro
Nós abaixo assinados, cidadãos particularmente preocupados com o desenvolvimento sustentado de toda a região, do nosso país e do nosso planeta solicitamos a Vossas Excelências, a tomada de medidas que conduzam ao cancelamento do projeto de Aproveitamento Hidroelétrico de Lourisela, (Lourizela).
Fazemo-lo pelos seguintes motivos:
- A concretização do Aproveitamento Hidroelétrico de Lourisela previsto para o rio Lordelo, na freguesia de Couto de Esteves e concelho de Sever do Vouga teria graves impactos na vida da população local e no desenvolvimento integrado das comunidades limítrofes. Esta região foi, fruto da intenção ao longo de décadas da construção do Aproveitamento Hidroelétrico de Ribeiradio/Ermida, manietada de um desenvolvimento sustentado, quer do ponto de vista do aproveitamento dos seus recursos naturais, quer de novos investimentos pois uma grande parte da sua área ficaria submersa e/ou desapropriada para dar lugar à referida obra.
- Uma intervenção desta natureza no rio Lordelo, de pequena dimensão e baixo caudal durante vários meses do ano, traria como consequência imediata a impossibilidade do abastecimento de água aos terrenos agrícolas das localidades de Lourizela, Couto de Cima e Couto de Baixo, abastecimento esse feito através de levadas já interiorizadas por todos os locais como fazendo parte da sua memória coletiva. Não pode, ainda ser menosprezado o impacto que este empreendimento traria na alteração do microclima existente com o aumento de nevoeiro e humidade, que colocaria em causa avultados investimentos com recurso a projetos comunitários efetuados por jovens agricultores, como por exemplo em culturas do mirtilo e a groselha. A laranja, o milho, o feijão, tal como muitas outras culturas de subsistência sofreriam também as suas consequências e poriam em causa a vida de muitas famílias.
- A afetação de um troço de 2 km do rio com elevado potencial turístico – cascata da Agualva, pista natural de canyoning, trilhos pedestres da Agualva, Avideira e Vale da Mó e prática balnear.
- As consequências gravíssimas que traria este empreendimento no equilíbrio ecológico da região, com o desaparecimento de espécies como a lontra, o barbo a boga, o melro de água e o feto vaqueiro, bem como a flora das suas margens e do seu vale a jusante do paredão, com desaparecimento de vegetação autóctone (amieiros, salgueiros, carvalhos) e do perigo da proliferação de infestantes (eucaliptos e acácias) até às margens da albufeira.
Conscientes de que este pedido se fundamenta no exercício de uma cidadania empenhada e participativa solicitamos à C.C.D.R.C. tenha um papel ativo no desenvolvimento de toda a Região Centro, e como gestora deste imenso espaço, deva ajudar a promover o interior do país, e não apenas, levar para o litoral o que o interior vai dando de bom.
Os impactos deste empreendimento, somados ao Aproveitamento Hidroelétrico de Ribeiradio/Ermida custarão a estas comunidades uma fatura muito cara, comparada com a justificação dos projetos e com as contrapartidas oferecidas (até este momento nenhuma). Esta comunidade está a contribuir para projetos de produção de energia, com a perda de muitos hectares de terrenos com aptidão agrícola e florestal a preços vergonhosos e no futuro não beneficiará em nada com a produção desta energia, que alguns chamam ‘’energia verde’’.
Relembramos que, não foi elaborado o Plano de Ordenamento para as margens das albufeiras do Aproveitamento Hidroelétrico de Ribeiradio/Ermida, ausência esta que condicionará o futuro de todo o Vale do Vouga e que o Aproveitamento Hidroelétrico de Lourisela se sobrepõe à área de intervenção do mesmo.
Subscrevemos abaixo que não queremos que destruam o rio Lordelo, pois iremos valoriza-lo, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentado da nossa região, do nosso país e do nosso planeta.
