Parar o Hotel no Quartel da Graça
Para: Assembleia da República
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República,
Nós, abaixo-assinados, solicitamos a imediata revogação da concessão feita ao Grupo Sana para a construção de um hotel no Quartel da Graça, antigo Convento da Graça, em Lisboa.
Este Monumento Nacional, que é propriedade do Estado português, foi concessionado, ao abrigo do Programa REVIVE, ao grupo SANA em Dezembro de 2019 para ser transformado num hotel de luxo (https://revive.turismodeportugal.pt/pt-pt/quartel-graca). As obras nunca chegaram a arrancar e o quartel encontra-se devoluto há vários anos e em rápida deterioração, com visíveis sinais de abandono.
Alicerçada nas suas escolas e no forte enraizamento dos seus moradores e das suas vivências, a Graça é dos poucos bairros históricos que ainda resiste ao processo de gentrificação da cidade. Mas, com cada vez mais casas ocupadas pelo alojamento local, com o comércio tradicional transformado em bares, e lojas de souvenir e com todo o tipo de viaturas destinadas a transportar turistas a circular pelo bairro, a construção de um hotel com 120 camas poderá ser o golpe fatal. Vale a pena lembrar que, no mesmo bairro, o Convento das Mónicas também dará lugar a um hotel com 128 camas.
Em vez de um hotel destinado a engrossar os lucros de um grupo privado, queremos colocar o antigo quartel ao serviço das necessidades reais da população do bairro e da cidade, prosseguindo fins habitacionais, educativos, culturais e artísticos, com serviços de assistência e infraestruturas ligadas ao bem-estar das pessoas e à qualidade de vida urbana.
Nós, abaixo-assinados, não estamos dispostos a assistir de braços cruzados à destruição de mais um bairro lisboeta. Reivindicamos o direito à cidade em que vivemos, o que significa que queremos também decidir sobre a utilização dos espaços públicos dos nossos bairros e da nossa cidade. Queremos que este monumento nacional esteja ao serviço do bairro e da cidade e não que seja transformado num hotel que vem agravar o processo de turistificação do bairro.
Por tudo isto, exigimos que o Estado revogue a concessão desde já, para defender o Monumento Nacional da degradação e abandono e para garantir que serve efetivamente à população de Lisboa.
Pela Assembleia "Parar o Hotel no Quartel da Graça"