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Contra a atual proposta de expansão da linha férrea para alta velocidade em Vila Franca de Xira e Alhandra

Querem arrasar Alhandra e Vila Franca para ganhar 4 min de viagem de comboio, temos de agir.

Eis as razões para ser contra este projecto começando pela mais óbvia.

1. Não há necessidade. Para quê? O que há a ganhar em aumentar o volume das linhas?
As linhas que servem as cidades não estão extremamente cheias de comboios, têm capacidade para que circulassem mais, essa oferta simplesmente não existe. Aquilo que mais beneficiaria estas localidades (e muitas outras) seria um aumento da oferta de comboios ao fim de semana, que atualmente têm um grande corte nos seus horários. Para a introdução de linhas de alta velocidade ainda menos sentido fará pois não iriam beneficiar nenhuma das localidades nem é normal que se coloque comboios de alta velocidade misturados com comboios comuns aumentando o risco de acidentes. Causar uma destruição desta magnitude para ganhar 4 minutos na totalidade da viagem Lisboa-Porto é simplesmente loucura.
2. Vai afetar uma das ruas mais importantes de Alhandra. Para expandir a linha de comboio ou têm de a passar por cima da estrada nacional ou têm de a passar por cima de uma das estradas mais importantes de Alhandra, a Avenida Afonso de Albuquerque. Afunilando a rua, cortando árvores, alterando o trânsito, e retirando imenso estacionamento a uma cidade com bastante falta dele devido ao carácter histórico da disposição dos seus edifícios.
3. Vai destruir o jardim centenário de Vila Franca. Um dos marcos mais importantes da cidade centro da vida social e comunitária da mesma, envolvido em atividades náuticas, culturais, artísticas, infantis e local da sede da União Desportiva Vilafranquense.
4. Vai destruir o cais de Vila Franca. Uma cidade intimamente ligada ao rio e à cultura Avieira, que toma o barco Liberdade como um dos seus símbolos máximos vê-se cortada da sua história e herança e desrespeitada por este projeto.
5. Vai destruir a estação de Alhandra e fechar a de Vila Franca. Serão substituídas por estações megalómanas e inestéticas extremamente dispendiosas para todos os contribuintes.
6. É anti-democrático. Num país fruto do 25 de Abril a destruição da herança e qualidade de vida de duas cidades históricas é inaceitável, a população não tem qualquer forma de se defender contra decisões ditatoriais e unilaterais como estas tal como no tempo dos grandes projetos do Estado Novo.
7. Mostra a preguiça de quem toma decisões. O desafio é difícil, mas a decisão de arrasar enorme troco de duas cidades para um ganho tão mínimo mostra desprezo pela vida dos cidadãos e incapacidade para pensar mais além do projeto em si. São duas cidades que nada beneficiarão com os comboios e ficarão permanentemente cicatrizadas em nome de 4 minutos de viagem.
8. É custoso para o pouco benefício que traz. Numa viagem tão longa, o troço entre Vila Franca e Alhandra é nada mais que um pequeno pormenor, não justifica projetos desta magnitude com dinheiro retirado a todos nós apenas para que os comboios poupem 4 minutos na sua viagem final. Implicaria novas estações, tuneis, pontes, estradas, demolições, abate de centenas de árvores e simplesmente a cicatrização de comunidades locais.
9. É perigoso. A ideia de colocar comboios de alta velocidade a passar a velocidades estonteantes no centro de duas cidades, enquanto simultaneamente os misturam com comboios que circulam à velocidade normal, é simplesmente negligente. Comboios de alta velocidade devem sempre circular em linhas separadas das outras, se para palcar os riscos diminuirem a velocidade dos comboios invalidam a razão pela qual estão a fazer o projecto pois para velocidades mais baixas as linhas atuais servem perfeitamente bem.
10. Destrói projetos realizados recentemente pelo próprio Estado. Como as novas pontes pedonais de Vila Franca, assim como impossibilita a futura construção na zona ribeirinha de Vila Franca que aguardava construção de prédios habitacionais.

Há alternativas, outros projectos poderiam ser implementados, os comboios de alta velocidade podem e devem ser feitos mas tanto eles, como os cidadãos das vilas, têm muito mais a ganhar se existirem linhas separadas dos outros comboios e segregadas da malha urbana.

Poderia continuar, há muitos outros pontos a mencionar, como o facto de que irá destruir a maior zona de estacionamento de Vila Franca, central para a sua feira Franca que dá o nome à cidade. Numa cidade com ruas antigas e estreitas os moradores são obrigados a recorrer a este parque para poderem viver as suas vidas normais. Há ainda o facto de que a linha irá obrigar ou a criar um túnel por debaixo da mesma que não irá permitir a passagem de ambulâncias e carros de bombeiros como a alternativa a isso seria a criação de uma estrada que servisse como segunda opção que iria alcatroar uma zona ainda maior do histórico jardim municipal.

Este projeto é um retrocesso.

Qual a sua opinião?