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Pela demolição da torre do Cine-Teatro António Pinheiro em Tavira

Para: Ex.ma Senhora Presidente da Câmara Municipal de Tavira

Ex.ma Senhora,
Presidente da Câmara Municipal de Tavira

1 - Em nome da salvaguarda e preservação da identidade cultural e da herança patrimonial da cidade de Tavira, nomeadamente do seu centro histórico, "Local de cruzamento de diversos povos e culturas – fenícios, turdetanos, árabes, judeus – foi após a reconquista cristã sede de um concelho com crescente influência no reino de Portugal. Terra do Rei e de importância fulcral para os sucessos da expansão portuguesa para o Norte de África nos séculos XV e XVI, viu crescer o seu prestígio político, religioso e económico, permitindo desenvolver uma notável atividade construtiva e artística, de que é exemplo a célebre escola de arquitetura renascentista de André Pilarte, e mais tarde, durante o século XVIII, a atividade do mestre Diogo Tavares de Ataíde.

O intercâmbio de distintas épocas e sensibilidades culturais marcou indelevelmente a paisagem, a morfologia urbana, a arquitetura e a arte, no fundo, o seu desenvolvimento artístico em geral. E, não obstante algumas calamidades cíclicas – terramotos, cheias, crises político-sociais –, a herança patrimonial tem conseguido sobreviver, sendo hoje um exemplo de uma cidade mediterrânica fortificada, no limite da Europa, excecional pela qualidade formal, harmonia e coerência de alguns espaços urbanos, onde confluem modelos medievais e renascentistas, com um conjunto distinto de imóveis ilustrando várias épocas, usos, estilos artísticos e cambiantes regionais.

Dificilmente encontramos em Portugal, tão bem como em Tavira, os elementos históricos constitutivos de uma cidade de estuário atlântico-mediterrânica, com formas que muitas vezes foram assimiladas além-mar e reproduzidas localmente." (Retirado da página da autarquia: https://www.cm-tavira.pt/site/node/454);

2 - Em nome de um urbanismo multissecular, da Cidade das igrejas, em que "É de realçar a riqueza artística acumulada ao longo de séculos nestas igrejas, a pluralidade de estilos, disciplinas e artistas que nelas se encontram. A qualidade dos vestígios góticos e manuelinos da matriz de Santa Maria ou do antigo convento de São Francisco, a elegância personalizada do renascimento na Misericórdia do mestre André Pilarte, a força do “estilo chão” nas igrejas de São Paulo ou da Graça ou ainda exuberância decorativa dos espaços barrocos do Carmo ou São José, definem em conjunto, nestes ou noutros templos da cidade, todo um percurso sugestivo da arte portuguesa, das suas cambiantes estilísticas e interpretações locais."; da sua arquitetura civil, "Em Tavira o espaço urbano é de raiz medieval e quinhentista mas grande parte dos seus edifícios remonta aos séculos XVII, XVIII e XIX. Apesar de alguns golpes, o casario urbano mantém em boa medida uma imagem consistente do seu passado, devendo merecer todos os cuidados na sua preservação e reabilitação.

São inúmeras as qualidades destes edifícios em que a pedra calcária, a cal, a cerâmica, o ferro e a madeira se conjugam para formar volumes plenos de carácter e valor identitário. O século XVI fixa um modelo de casa que perdura sem grandes alterações até ao século XIX com várias notas dominantes e distintivas. Além dos materiais tradicionais, assinale-se a tendência para uma escala humana (2 ou 3 pisos), a composição simples mas aberta a valores eruditos e às novidades depois de alguma transformação local, e ainda uma notória preocupação pela decoração dos vãos, platibandas e chaminés – características dominantes da arquitetura regional. (...) Dentre todas as marcas identitárias há duas de reconhecido destaque. Em primeiro lugar, os tradicionais “telhados de tesouro” – coberturas de quatro águas, francamente inclinadas, revestidas internamente com caniço e externamente com telha de canudo. O seu nome advém da ossatura interna de madeira geralmente chamada tesoura. Dado que, em norma, cada divisão da casa é coberta por um telhado de tesouro é comum observarem-se edifícios com telhados múltiplos, oferecendo ao céu de Tavira uma aparência muito peculiar.

Serão um dos derradeiros vestígios da época das grandes navegações, em cujos primórdios Tavira largamente participou. Os aventureiros que daqui partiram a apoiar a empresa dos Descobrimentos e da expansão portuguesa descobriram paragens distantes, desde as ilhas atlânticas, passando pelas praias e minas africanas até às formidáveis novidades asiáticas. No regresso, estes emigrantes exibem avidamente as novidades, a riqueza e a experiência de distintas realidades culturais. E assim, Tavira, porto de partida e chegada de muitas viagens, adota uma forma de cobertura vinda da Ásia das monções e que em nada o clima algarvio justifica.

Em Tavira os telhados múltiplos de tesouro chegaram aos nossos dias resistindo ao tempo, às modas e às catástrofes. Fazem parte do património prestigioso da cidade, todavia, são dos mais ameaçados por ruidosas adulterações ou por desuso." (Retirado da página da autarquia: https://www.cm-tavira.pt/site/node/454)

3 - Em nome do conjunto de obrigações de preservação e divulgação que os 7 Estados/Comunidades Representativas assumiram perante a UNESCO para os próximos anos decorrente da inscrição na 8.ª Conferencia Intergovernamental realizada em Baku a 4 de Dezembro de 2013;

Vêm os signatários, requerer a V.Exa., que acione os meios e mecanismos necessários, com vista à demolição da torre do edifício, em construção, do Cine-Teatro António Pinheiro. Torre esta, que ofende, agride, desrespeita e viola a paisagem e a identidade cultural e patrimonial desta cidade e contraria, tudo aquilo que a própria autarquia defende, bem ilustrado no parágrafo seguinte:

"Independentemente da antiguidade/modernidade ou da erudição/singeleza dos edifícios vem sempre à tona um passado histórico e arquitetónico de qualidade e interesse, que confere à cidade uma personalidade rara no panorama urbanístico português e um excecional campo de estudos. Joga-se hoje o problema da sua autenticidade e integridade, sendo importante o empenho dos tavirenses para inverter certos hábitos de reconstrução que desvirtuam a sua leitura. A prática de reabilitações criteriosas e fundamentadas, dando particular atenção à recuperação de materiais e técnicas tradicionais deverá ser sempre o exemplo a seguir."
(Retirado da página da autarquia: https://www.cm-tavira.pt/site/node/454)

Os abaixo assinados,

Primeira Peticionária:
Noélia Maria Ramos F. Simão



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Esta petição foi criada em 02 abril 2021
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