Processo movido à Professora Doutora Maria da Conceição Pedroso de Lima
Para: Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra/Exmo. Diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
Como é certamente do Vosso conhecimento foi instaurado um processo à Professora Doutora Maria da Conceição Pedroso de Lima, Professora Catedrática do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, por alegadas irregularidades no decurso da sua atividade letiva no Mestrado em Bioquímica. Estas irregularidades estão ligadas à delegação da lecionação de aulas práticas de uma unidade curricular no âmbito desse Mestrado num investigador doutorado do seu grupo, sem que tenha sido efectuada essa delegação formal na plataforma Nónio.
A Professora Doutora Maria da Conceição Pedroso de Lima é uma Professora exigente de méritos reconhecidos. Sempre procurou expor os alunos à investigação científica do mais alto nível em Bioquímica, Termodinâmica, Vectores e Terapia Génica, áreas nas quais é uma reconhecida especialista mundial. A sua atividade prestigiou e prestigia a Universidade de Coimbra, quer em termos dos inúmeros artigos publicados, quer em termos de financiamento obtido. A genealogia científica da Professora Doutora Maria da Conceição Pedroso de Lima é ainda impressionante se considerarmos todos os cientistas que treinou pessoalmente.
Na origem deste processo está, precisamente, essa sua caraterística de querer ligar em permanência a prática letiva em Mestrado e Doutoramento à investigação científica, trazendo para colaborar com a docência elementos do seu extenso grupo de investigação, o qual contribui igualmente com recursos materiais para atividades práticas (reagentes, consumíveis, equipamentos, etc.). Fê-lo sempre de um modo que não põe em causa o leccionamento ou a sua ligação pessoal e empenhada às aulas, que utiliza meios e fundos que a própria Professora Doutora Maria da Conceição Pedroso de Lima conseguiu angariar da sua atividade e projetos (e não meios do Departamento), e que claramente beneficia as aulas e os alunos, como é facilmente constatado nos inquéritos preenchidos pelos mesmos. Na verdade, foi reconhecido no relatório do processo que do modo de leccionação da unidade curricular em causa, “não resultou qualquer prejuízo para a formação dos estudantes que frequentaram a unidade curricular.” No caso concreto do processo que lhe é movido a Professora Maria da Conceição Pedroso de Lima não só organizou os trabalhos práticos, como esses trabalhos foram realizados nos seus laboratórios de investigação no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, anexos ao seu gabinete onde esteve sempre disponível. É importante salientar que o envolvimento de pós-doutorados na leccionação de aulas laboratoriais ocorre nas melhores Universidades do Mundo. Para que fique claro, não se trata aqui de descurar a parte letiva da vida académica, estão em causa cerca de 40 horas de um total aproximado de 170, e foram integralmente cumpridas as obrigações do ECDU.
Não estando em causa os formalismos, mecanismos e minudências legais, parece-nos preocupante que uma Universidade com a justificada ambição de liderar ignore o contexto mais vasto deste processo, e defina como prioritária uma linha de ação tão cega quanto injusta. Isto quando, por oposição, não foi ainda capaz de promover mecanismos claros e consequentes para premiar a inovação, a produtividade, o mérito, ou mesmo a qualidade letiva. Quaisquer que fossem esses mecanismos temos como adquirido que a Professora Doutora Maria da Conceição Pedroso de Lima estaria sempre muito perto do topo da lista.
Acrescente-se ainda que o processo em causa implicou também uma ação paralela imposta à coordenadora do Mestrado em Bioquímica, a Professora Doutora Paula Veríssimo, cuja dedicação a este Grau é por todos (colegas e alunos) unanimemente reconhecida. Na verdade, ambas as Colegas foram recentemente votadas pelos alunos como sendo duas das melhores docentes do Curso de Bioquímica, o que nunca poderia acontecer caso desprezassem a atividade pedagógica letiva, se recusassem a assumir compromissos a esse nível, ou delegassem sistematicamente essas competências. Este processo é pois penalizador a vários níveis, não só para duas Colegas que não merecem tal mancha no seu currículo, mas em termos da imagem que transmite quanto às prioridades da Instituição, para dentro e para o exterior.
Achamos, por isso, que a única consequência possível deste processo, a única que prestigia a Universidade de Coimbra e aquilo que deve representar, é o seu arquivamento.
Sem Mais Subscrevemo-nos com os nossos Melhores Cumprimentos,
