Contra o fim do Alkantara Festival / Save the Alkantara Festival
Para: Secretário de Estado da Cultura / Secretary of Culture
[English version below]
Somos espectadores do Alkantara Festival e vemos com grande preocupação as árduas condições em que a edição deste ano (que pode ser a última) se realiza.
Para nós, o Alkantara é um espaço vital: porque temos acesso de forma concentrada a alguns dos objectos mais desafiantes produzidos nas artes performativas mundiais; porque nos faz pensar e discutir melhor aquilo que vemos; porque coloca Lisboa num circuito internacional e cosmopolita, contribuindo para a diversidade e qualidade do que nele se apresenta.
A mais recente reorganização dos apoios da DGArtes condenou o Alkantara ao subfinanciamento devido ao próprio desenho dos concursos, pondo em causa a continuação do festival. Mesmo num contexto de reduções significativas no apoio às artes, este caso destaca-se pela injustiça: apesar da apreciação muito positiva do júri, o Alkantara teve um corte de mais de 70% relativamente ao quadriénio anterior, recebendo menos de metade do valor de que necessita para continuar a ser um parceiro credível dos co-produtores nacionais e das redes europeias que integra, e que lhe permitiam multiplicar largamente o investimento, minoritário mas indispensável, do Estado Português.
Um apoio extraordinário da Secretaria de Estado da Cultura veio in extremis ajudar a que a edição deste ano, bastante reduzida, se pudesse ainda assim concretizar. Mas o desejável não são soluções excepcionais e de último recurso: o Alkantara merece o seu lugar na paisagem cultural do país e tem de ter a possibilidade de concorrer aos apoios do Estado em igualdade de circunstâncias com as outras estruturas.
O desaparecimento do Alkantara seria trágico: foram precisos 20 anos para construir um acontecimento artístico internacional de primeira ordem. Nós, espectadores do Alkantara Festival, exigimos que este desperdício de anos de trabalho e de fundos nacionais e europeus seja evitado.
Exigimos que as alterações irreflectidas ao último concurso da DGArtes sejam corrigidas para que uma candidatura multidisciplinar, internacional e actuando num grande centro urbano possa ser avaliada e financiada de forma justa e equilibrada. Não queremos perder o nosso Festival!
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We are audience members of the Alkantara Festival and it is with great concern that we see the harsh conditions in which this year’s festival (which may be the last one) is taking place.
For us, Alkantara is a vital space: because we have access in a concentrated way to some of the most daring objects produced in the performing arts worldwide; because it improves the way we think about and discuss what we see; because it places Lisbon in an international and cosmopolitan circuit, thus contributing to the diversity and quality of what is presented in that circuit.
The most recent reorganization of DGArtes' support (the Portuguese Arts Council) has comdemned Alkantara to underfinancing due to the very design of the subsidy, endangering the continuation of the festival. Even in a context of significant cuts in the arts’ support, this particular case stands out because of its injustice: in spite of the highly positive evaluation of the panel, Alkantara had a budget cut of over 70% when compared to the former quadrennial grant, which is less than half the amount it needs in order to remain a reliable partner of the national co-producers and the European networks it integrates, which have allowed it to greatly multiply the minority but indispensable investment of the Portuguese Government.
A special grant from the Secretary of Culture came at the last minute to help insure that this year’s festival, heavily reduced, would still take place. But exceptional and last resort solutions are not desirable: Alkantara deserves its place in the Portuguese cultural landscape and must be able to apply to the State’s support on an equal footing with the other applications.
The disappearance of Alkantara would be tragic: it took 20 years to build a first class international artistic event. We, the audience of the Alkantara Festival, demand that this squandering of years of work and of national and European funds be prevented.
We demand the ill-considered changes to DGArtes' last subsidy call be corrected so that an application that is multidisciplinary, international, and operating in a major urban centre may be assessed and financed in a just and balanced way. We do not want to lose our Festival!
