Educação Ambiental desde a Primária
Para: Exmº Senhor Ministro da Educação e Ciência
Hoje em dia, a Natureza é "algo" que deixou de ser notado e apreciado, passando a ser constantemente prejudicado por praticamente tudo aquilo que fazemos.
O Ser Humano está a perder a compaixão e a capacidade de amar o verde, os animais e aquelas sensações fantásticas que a brisa, a maresia, o calor do Sol, a visão das estrelas e a terra nas mãos nos dão.
Cortamos árvores para fazer shoppings, desperdiçamos água a lavar passeios, temos constantemente as luzes acesas e os electrodomésticos ligados, vamos de carro para o café que fica a dois quarteirões, sujamos as praias e as florestas, matamos por desporto, usamos peles, testamos tudo em animais.
Vemos pássaros feridos, pequenas árvores caídas, torneiras abertas, lixo no chão e passamos ao lado.
Comemos em excesso, desperdiçamos aqueles que morreram para nos alimentar, extinguimos espécies todos os dias. Já ninguém vê um Tigre-de-Java, um Pica-Pau-Bico-de-Marfim ou um Íbex dos Pirinéus na Natureza. E, em poucos anos, ninguém verá o Lince-Ibérico, o Elefante-Africano, o Lobo-Ibérico, a Cegonha-Preta ou o Panda-Gigante. O último Rinoceronte-Branco macho é vigiado 24 horas por dia por guardas armados.
Caçamos e domesticamos animais que deviam estar em liberdade. Fechamo-los em gaiolas. Pomo-lhes uma trela. Importamos pássaros dentro de garrafas, arrancamos dentes aos Lóris, esfolamos raposas vivas.
A minha pergunta é: Onde está a Humanidade do Ser Humano? Também se extinguiu? Não, mas não tarda.
As nossas crianças já não sabem brincar com pedras e paus, não se escondem a ver os pássaros a fazer ninhos, não choram ao ver uma abelha a morrer.
Não se revoltam contra os pais por estes cortarem a árvore grande do seu quintal, por irem caçar ao fim-de-semana ou por matar uma aranha na parede.
Os nossos filhos não compreendem a noção de amar e respeitar a Natureza. Só vêm verde através da televisão, dos tablets e dos computadores e o mesmo está apenas na personagem de cabelo verde que lá aparece.
Se ouvirem um rouxinol - "é um pássaro". Se virem um cão na rua "foge, que ele morde". Se encontrarem uma aranha debaixo da cama "Ai, que nojo!".
Mas ainda vão a tempo de compreender, de aceitar, de se maravilharem. Apenas têm de ser lembrados disso.
Se, desde a primária, houvesse uma disciplina, não apenas uma parte da matéria, mas um programa completo de consciência ambiental, as crianças cresciam com uma mente e um coração como já não têm desde os nossos avós.
A mesma poderia consistir em conhecerem a Natureza na teoria e na prática - terem aulas práticas; em conhecerem os erros e soluções do Mundo em que vivemos - gasto excessivo de recursos naturais versus reciclagem; como agir perante animais - observar, sem perturbar; funcionamento dos ecossistemas e protecção dos habitats; conhecimento sobre plantas, fungos e animais - aprofundado ao longo dos anos; etc.
Seria uma cadeira obrigatória, pelo menos, até ao 9º Ano. E os seus professores deveriam ser pessoas com competências tanto a nível de conhecimento - teórico/prático, como a nível de consciência ambiental com boas raízes. (Não vamos colocar um caçador por desporto a leccionar uma matéria na qual ele não acredita...).
Ao terem esta cadeira nas escolas, com uma componente prática, as crianças irão transformar-se em adultos ambientalmente responsáveis e conscienciosos, ou pelo menos, na sua maioria.
Existem ainda crianças que têm esta consciência - seja pela educação que os pais lhes dão, ou pelo grupo de Escuteiros/Escoteiros em que estão inseridos, ou por outra razão. Mas são poucos, cada vez menos e sempre influenciáveis pelos seus colegas que não têm esta consciência.
Assim, faço o apelo a esta petição a todos aqueles que se importam com o futuro do nosso Planeta, com o sofrimento dos Seres Vivos e com a mentalidade dos nossos jovens.
