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O (trabalho do) Actor tem valor - Sensibilização das Escolas de Cinema, das Artes visuais e Media em Portugal para a necessidade de remunerar os Actores que participam nos trabalhos académicos

Para: Escolas de Cinema, Artes visuais e Media a funcionar em Portugal

A Academia Portuguesa de Cinema, através dos prémios Sophia e da categoria Sophia Estudante tem, pelo menos desde 2015, dado crescente destaque público aos trabalhos dos jovens cineastas, o que demonstra e valoriza a elevada qualidade do cinema feito em ambiente académico.

Isto dito, parece ser incontornável a fase do casting, como um dos momentos nucleares na produção de um filme. Não é o signatário que o diz, é hoje a Academy of Motion Picture Arts and Sciences através da criação da categoria “Achievement in Casting” para atribuição do Oscar.

Sabendo que partilha e difusão de oportunidades de trabalho ajudam a aproximar a oferta de trabalho (director de casting) à procura (actores), o autor da presente petição criou a página online (Instagram) apelidada de CASTING PLANET (actualmente com mais de 6000 seguidores) que vem incessantemente divulgando, de forma gratuita, todas as audições/castings actuais, nomeadamente no âmbito universitário. Página que tem vindo a ser massivamente utilizada por todos os alunos de cinema e cuja eficácia e real utilidade poderá ser por eles atestada.
Aproximada que está a oferta e a procura, poderá então iniciar-se a escolha do actor.

Ora, ao labor exigente da escolha do intérprete mais adequado ao papel está, necessariamente, associado o reconhecimento do valor do trabalho do actor.

Se a comprovada qualidade dos filmes dos alunos é aliciante e pode entusiasmar os diversos actores profissionais, nos quais o subscritor desta petição se inclui, que aceitam realizar papéis a convite dos alunos, por outro lado, é também verdade que a nossa aceitação, a título gratuito, é o exercício de uma liberalidade, não devendo tornar-se a regra, um hábito ou uma presunção por parte dos futuros cineastas. Sobretudo nos casos de castings abertos, sem escolha prévia.

Por outras palavras, a maneira de dignificar o trabalho de um actor é ensinar aos alunos aquilo que vão encontrar no mercado de trabalho, ou seja, que no orçamento do filme, terão necessariamente de contemplar o cachet dos actores, a menos que estes dele prescindam, o que ainda assim é, e deverá ser sempre, excepcional.

E compreende-se porquê.
Porque, à semelhança de qualquer outro profissional, o seu empenho, dedicação, estudo de personagem, disponibilidade horária e direito de imagem, caracterizam o serviço que presta e a que assiste uma contrapartida monetária.

É que, repare-se, o actor não é aluno da Universidade, mas um terceiro que é chamado a participar, com a sua técnica, num projecto.
Sendo que o seu trabalho acrescenta rigor, qualidade, experiência e, não raras vezes, permite ainda poupar tempo à produção.

Assim, se numa fase crucial de aprendizagem de um futuro realizador, produtor (como é a frequência da escola de cinema) se instala precocemente a ideia de que há actores que se prestam a fazer trabalho de graça, não será de ensinar que tal facto é uma distorção e não a regra? E muito menos a do mercado para onde se lançam? E não terá a Universidade, apesar da aparente simpatia do actor, o dever de salvaguardar a sua honra e dignidade profisisonai,prestando a contrapartida financeira devida?

É que a atribuição de um valor, ainda que simbólico, ao trabalho do actor, tem pelo menos duas vantagens: confere maior responsabilidade aos alunos responsáveis pelo casting, escolhendo “o”actor e não “um” actor; e responsabiliza o actor pelo trabalho que desempenha.

À Universidade, enquanto academia que prepara para o mundo real, incumbe a dignificação de todos os envolvidos, inclusivamente dos visitantes e pessoas que participam no acto de aprendizagem, sob pena de um dia serem tão descartáveis como um qualquer bem substituível.

Em boa verdade, quantas não são as histórias de filmes académicos em que os actores são substituídos por outros (ou em que a produção decide trocar os papéis do elenco) nas proximidades das filmagens? Ou até situações de actores que deixam de comparecer, ou têm indisponibilidades súbitas?

Para colmatar estas e outras situações tem-se verificado, de forma sistemática e consistente, que no âmbito da licenciatura em Cinema da Universidade Católica do Porto, os actores são remunerados pelos serviços prestados em âmbito académico, instituindo assim um sistema de responsabilização de parte a parte, o que me parece ser uma medida adequada e justa a adoptar pelas demais instituições de ensino de Cinema.

Dito isto, serve a presente missiva para sensibilizar as Escolas de Cinema, Artes visuais e Media em Portugal para a necessidade de remunerar os actores (sem prejuízo do direito que lhes assiste de prescindir dessa remuneração), julgando ser essa a forma de dignificar o trabalho dos Actores e a promoção da Arte em geral.

Pela não gratuitidade do trabalho dos actores.

Henrique Gomes
Actor



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Esta petição foi criada em 14 fevereiro 2024
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