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Petição Baião Sem touradas - pelo cancelamento da tourada em Baião

Para: Presidente da Câmara de Baião Paulo Pereira Presidente da Assembleia Municipal Armando Paulo Miranda da Fonseca

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal, Armando Paulo Miranda da Fonseca

Tendo tomado conhecimento das diligências para realização de uma tourada em Baião os peticionários vem apelar a V. Exa. que considere o seguinte :

1/ A tauromaquia é uma prática com raízes medievais e que, dado o seu carácter violento e desajustado dos valores e princípios éticos que norteiam as sociedades desenvolvidas, enfrenta hoje em dia fortíssima contestação nos pouquíssimos países onde ainda encontra respaldo.
Este costume manteve-se em Espanha e países colonizados e foi "importada" por Portugal e França (onde actualmente apenas se mantêm em pouquíssimas cidades da costa sul), tendo inclusivamente sido proibida em Portugal já em 1836, durante o reinado de D. Maria II pela mão do secretário de Estado dos Negócios do Reino, Passos Manuel no decreto que estabelece “Considerando que as corridas de Touros são um divertimento barbaro, e improprio de Nações civilisadas; e bem assim que semelhantes espectaculos servem unicamente para habituar os homens ao crime, e à ferocidade; e Desejando Eu remover todas as causas que podem impedir, ou retardar o aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa: Hei por bem Decretar, que d’ora em diante fiquem prohibidas em todo o Reino as corridas de Touros”, estabelece o decreto.
As touradas foram novamente canceladas em Portugal durante a Primeira República, entre 1919 e 1923.

2/ O touro é um pacífico herbívoro, que vive harmoniosamente em grupo no montado, interagindo com outras espécies e capaz de se relacionar com os seus tratadores e reconhecê-los mesmo em situações adversas. É um animal sensível, capaz de sentir até a picada de uma mosca não sendo preciso ciência nem ser perito em veterinária para perceber que, tal como nós humanos e qualquer animal senciente, sente dor lancinante quando é perfurado por ganchos de ferro em forma de arpão, com 8 cms de ponta.
A dor do touro não de restringe aos dolorosos, extenuantes e humilhantes 20 minutos da "lide" mas inicia-se muito antes quando o touro é sujeito a "tentas" e "picadas" para provocar a sua reacçao e aferir da sua "bravura" . Destas práticas ficam feridas inimagináveis. Dias antes quando o pacífico animal é retirado do seu habitat e arrancado à sua família, grupo e à sua pacata existência para ser sujeito ao embolamento (serrar as pontas dos chifres e aplicar revestimento)
São-lhe ministrados medicamentos sedativos como o Rompun e muitas vezes produtos que dificultam a sua visão.
Viaja vários horas nu compartimento exíguo onde não se consegue mexer, deitar, virar, coçar ou fazer qualquer movimento, privado de água e alimento, e sobre os seus próprios excrementos - quase sempre diarreia em consequência do stress elevadíssimo a que é exposto e reacção às substâncias administradas.

3/ No caso das touradas em recintos itenerantes, como acontece em Baião, o sofrimento do touro é ainda maior e muito mais prolongado pois a somar ao pesadelo anterior, as praças amovíveis não dispõe de curros ou qualquer espaço para a permanência dos animais, requisito exigido pelo RET ! - são cerca de 8 hrs de viagem e terror e a permanência nos compartimentos de chapa metálica dos camiões de transporte que no verão atingem temperaturas elevadíssimas - impossibilitados de se moverem durante todo o tempo e privados de água e alimento!
(Sugerimos que o Sr.Presidente experimente ficar uma hora, apenas uma hora fechado em pé num compartimento exíguo para perceber as caimbras, dores musculares e desespero que, só por si, a situação representa)

4/ A tortura em praça pública, propositadamente redonda e sem escapatória para o animal que assim é forçado a reagir última em defesa própria, é sobejamente conhecida e o inegável sofrimento de touros e cavalos está bem documentado.
Depois da tortura a que foi submetido tendo sido perfurado por vários ferros engalanados e os seus urros de dor encobertos pela música da banda obrigatória, o touro é ainda humilhado e massacrado por vários humanos que o atacam e lhe puxam violentamente a cauda provocando quase sempre lesões extremamente dolorosas nas vértebras, membros partidos e outros ferimentos graves.

5/ Exausto e a escorrer sangue o touro é novamente puxado para dentro do camião, muitas vezes com recurso a tractores. Aí hão-de ser-lhe arrancadas a sangue frio e com a ajuda de uma faca, as bandarilhas que lhe forma espetadas e permanece mais algumas horas no mesmo compartimento exíguo, onde não se pode mexer, sem água nem alimento! e segue-se a viagem de volta de mais 8 hrs, exaustos e em sofrimento excruciante, num camião que deixa atrás de si um rasto de diarreia e sangue que já é prova suficiente do horror que transporta!

6/ Todo este horror só é possível porque em Portugal porque na Lei 92/95 que preconiza os princípios para o bem-estar animal existe uma vergonhosa excepção para a tauromaquia - como se os touros não fosse animais sencientes e dignos de protecção, mamíferos dotados de sistema nervoso central que lhes permite sentir dor e experimentar angústia, medo e sofrimento - tal como nós!

7/ Também os cavalos sofrem horrores durante as touradas, tentas e picadas e são demasiados os relatos e provas documentais de cavalos esventrados, com membros partidos ou dilacerados e o abdómen rasgado pelas esporas!

Sr. Presidente, é tempo de evoluir!
As touradas são práticas bárbaras que há muito deviam ter sido abolidas! As festas e celebrações, tradições sadias próprias de cada recanto de Portugal podem e devem manter-se mas tradições que orgulhem os portugueses e o país, não que o envergonhem e embaracem profundamente até na conjuntura internacional!
É necessário que a par da notória falta de interesse do público mais evoluído, os responsáveis políticos do poder central e autárquico se posicionem na vanguarda da evolução, sensibilizem as populações e lhes proporcionem eventos culturais que os façam desenvolver e evoluir num ambiente em que as tradições possam ser celebradas em consonância com os valores da modernidade no que diz respeito ao bem-estar animal.
Muitas práticas "tradicionais" tem vindo a ser abolidas sistematicamente pelo seu carácter violento e retrógrado, incompatível com os valores actuais, caso das lutas e rinhas de galos e de cães, as práticas de atirar gatos de campanários e até práticas consideradas "desportivas" como o tiro aos pombos - e o mesmo tem que acontecer com as touradas!
Aliás já teria acontecido pela falta de público não fossem os financiamentos e compra de bilhetes pelas autarquias, usando verbas públicas do seus munícipes para financiar atrocidades quando poderiam ser investidas em equipamentos e eventos úteis para todos. E também os financiamentos da UE, ao abrigo da PAC, por exemplo apoios para a criação da brava de lide, mãe do touro bravo. São cerca de 18 milhões de euros anualmente, 18 milhões de euros!

Sr. Presidente o norte de Portugal e Baião tem atractivos naturais e culturais belíssimos e diversificados, festas populares, natureza e diversão únicas no mundo, todas actividades que respeitam os princípios éticos mais elementares, não precisa de copiar do sul costumes bárbaros que já deviam ter sido enterrados há muito mesmo nas regiões onde os interesses económicos e os gostos sádicos de alguns vão prevalecendo sobre a evolução. Prova disso são os municípios onde havia inclusivamente praças fixas que foram ou estão a ser transformadas em equipamentos culturais onde não mais haverá lugar para a tortura de animais para entretenimento - como o casos de Viana do Castelo e Póvoa de Varzim, e até em Albufeira! ou de não autorização para tourada em recinto itenerante como é o caso muito recente de Vila do Conde em que o autarca se recusou a licenciar este espectáculo degradante e vil.
Nestes e outros exemplos um pouco por todo o país foi e é a visão e os valores dos autarcas que acompanha a evolução civilizacional e tomam a dianteira, embasados pela maioria da população e firmes face à oposição residual de interesses obscuros personificados por associações retrógradas. É sempre este o processo de evolução!

Sr. Presidente, depois de 2 anos de interregno em que ninguém lhe sentiu a falta, a tortura de animais quer voltar a Baião para mais uma vez manchar de sangue estas terras verdejantes e as mãos dos autarcas que certamente não querem ficar em Baião " orgulhosamente sós" !
Os peticionários vem assim pedir que a exemplo dos seus congéneres de Viana do Castelo, Póvoa de Varzim, Albufeira, Vila do Conde e tantos outros, não autorize a realização da tourada prevista para Baião em 23 de Agosto.

Estamos certos que a tauromaquia e o abuso de animais vai acabar em Portugal e queremos acreditar que Baião estará entre os que dão os primeiros corajosos passos para a evolução nacional!




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Esta petição foi criada em 15 julho 2022
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