Petição CLASSIFICAÇÃO DOS CAMINHOS RÚSTICOS DOS AÇORES
Para: ASSEMBLEIA REGIONAL DOS AÇORES
CLASSIFICAÇÃO DOS CAMINHOS RÚSTICOS DOS AÇORES
Terão sido os Fenícios a empedrar os seus caminhos mas foi a romanização que levou as chamadas vias romanas, calçadas de pedra feitas para usar e durar até aos dias de hoje, a unir os pontos estratégicos do então considerado mundo civilizado.
Nas ilhas dos Açores, com relevo acentuado e chuvas abundantes os caminhos de calçada tanto serviam à circulação de pessoas e bens como ao escoamento das águas.
Acompanhando a fundação e desenvolvimento dos povoados os caminhos empedrados obedeciam a técnicas simples utilizando a força humana e as ferramentas ancestrais como o marrão, o picão, a barra e a cunha de ferro o que torna ainda mais admirável a obra deixada pelos nossos antepassados que no arroteamento de terras e na construção de casas, paredes e caminhos consumiram as suas vidas em duros trabalhos.
Determinado o percurso a seguir eram erguidas as paredes laterais rematadas por lajes de pedra que delimitavam as beiradas. Daí para o interior eram postas as pedras, em sentido transversal, de modo a que o piso ficasse irregular para dar maior apoio às passadas dos animais ferrados e dos humanos. As juntas entre as pedras eram preenchidas com terra para estabilizar a calçada e deixar infiltrar as águas a fim de diminuir o efeito da erosão. Conforme a inclinação do terreno, a espaços considerados suficientes, eram abertos os boeiros, passadeiras transversais cujas margens inferiores eram levantadas uns 15 cm acima do piso para permitir o escoamento das águas para as grotas e ribeiras, cujos percursos acompanhavam e atravessavam, em pontes rudimentares.
As paredes de pedra seca eram erguidas ao longo das beiradas para segurar taludes e servir de extremas aos terrenos vizinhos. A técnica usada consistia na abertura de uma vala onde era feito o alicerce com as pedras gradas do lado de fora e as miúdas para dentro.
Estes antigos caminhos empedrados são tesouros de grande valor paisagístico e etnográfico, parte integrante do património rural em vias de desaparecimento, nas ilhas dos Açores, tanto pelos rigores do clima quanto pela falta de informação das autarquias que os vão demolindo ou cobrindo de alcatrão e cimento.
Para salvaguarda dos que ainda restam, vimos pedir à Assembleia Regional dos Açores se digne legislar no sentido de inventariar, classificar e reabilitar os ditos caminhos rústicos empedrados e respectivas paredes de pedra seca, em todas as ilhas dos Açores.