Petição Travemos a degradação do Convento de Nossa Senhora do Desterro, em Monchique

O Convento de Nossa Senhora do Desterro ameaça desabar. O edifício histórico foi fundado em 1631 por Pêro da Silva, que posteriormente assumiu funções de vice-rei da Índia. Está em ruínas e num processo de degradação inaceitável. Ali mora há 36 anos uma família.

A complexa realidade de proprietários múltiplos e a crise económica têm justificado a inacção das entidades responsáveis, e a situação vai-se deteriorando.

O Convento de Nossa do Desterro tem uma existência única no panorama português, pelo seu valor Histórico e pela sua história humana. Os turistas ainda sobem o caminho de pedras da Serra, à saída da Vila, que ali vai dar. Um passeio íngreme para visitar aquele testemunho vivo de um país deslumbrante, que remonta aos tempos dos Descobrimentos, numa experiência irrepetível que os leva ao interior de pedras a desfalecer, às galinhas e ao tanque de peixes vermelhos, à horta da família e aos restos de inscrições da Via Sacra...

O Convento de Nossa Senhora do Desterro é um caso singular de um lugar simultaneamente público e privado, que nessa ambiguidade se torna emblemático e encontra o seu maravilhoso equilíbrio precário. É um espaço que merece ser valorizado e pensado enquanto entidade sem igual, portanto, não susceptível de uma intervenção que o reduza a mais um exemplo da cedência ao comércio e ao turismo.

O Convento de Nossa Senhora do Desterro é um lugar vivo, com alma, e com gente dentro. Feito de histórias do passado e do presente. E a inacção dos responsáveis pode ser tão gravosa como uma acção destruidora da sua - nossa - identidade. O Convento de Nossa Senhora do Desterro é simbólico de um país que é diferente de todos os outros e que tem uma riqueza que é da ordem do património edificado e do humano.

É urgente reconhecer os traços de singularidade do Convento.
É urgente travar a destruição do Convento.
É urgente agir de forma a torná-lo seguro para ser visitado e resistente às intempéries.
É urgente criar condições de dignidade para a vida da família no Convento, como seus naturais guardiães.
É urgente valorizar, defender, proteger, preservar.
É urgente não ceder a soluções fáceis e descaracterizadoras que o possam entregar a um turismo cultural sem alma e sem benefício para a comunidade.
É urgente, antes que o Convento morra.

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