Os lares de idosos na pandemia e o seu futuro

A recente pandemia trouxe consigo uma série, por enquanto inumerável, de múltiplas tragédias e a revelação da necessidade imperiosa de reformular muitas respostas sociais, nomeadamente as institucionais. Alguns dos modelos destas respostas já se sabiam limitados, de modo a garantir um quotidiano humanizado e cidadão aos que delas precisam. Porém, a pandemia e as suas consequências vieram trazer evidências e despertar muitos portugueses para a realidade que se vive na maioria dos lares para idosos, sobretudo em situações de risco.
Para alterar a situação nas estruturas residenciais para pessoas idosas que dependem da Segurança Social, além de se repensar modelos institucionais e semi-institucionais, será necessário um reforço de profissionais e da sua formação que integre todas as recentes aprendizagens, alteração dos rácios, das condições de higiene e estímulo vivencial. Vão ter de se reformular orientações técnicas, refazer quadros legais, rever tabelas salariais, etc. E vai ser preciso tempo. Tempo que escasseia para quem luta pela sobrevivência.
Embora cientes das necessidades acima referidas, temos de trazer à vossa particular atenção a urgência de apoiar os “Equipamentos residenciais para pessoas mais velhas” com respostas que os reforcem perante um possível agravamento na evolução da pandemia. Como é do conhecimento público, o número de mortes pela COVID-19 nos lares tem sido dramático, tanto a nível nacional como europeu, o que demonstra que será necessário reformular profundamente a organização destes equipamentos residenciais.
De imediato, enquanto a COVID-19 mata e os surtos não nos abandonam, será urgente criar comissões descentralizadas de apoio técnico às práticas e aos planos de contingência das diversas instituições, que simultaneamente agilizem o recrutamento de bolsas de voluntários, com a formação adequada a um acompanhamento qualificado. Estes voluntários reforçariam desde já o quadro de pessoal de cada instituição, exaurido pelo enorme esforço que lhe tem sido pedido ao longo destes últimos meses. Será igualmente importante a aplicação frequente de testes de diagnóstico, não só dirigidos a casos suspeitos, mas também, amiúde, o rastreio aleatório nas diversas instituições. As respostas sanitárias tardias fragilizam os mais frágeis e ameaçam as suas vidas. O melhor entendimento da imunidade ao vírus poderá trazer a necessidade de uma monitorização serológica, rastreando a presença de anticorpos nas pessoas presentes nestes equipamentos sociais.

Assim, os signatários vêm requerer ao Governo aquilo que lhes parece imperioso:
- Que crie com a maior urgência, comissões descentralizadas de apoio técnico que ajam no imediato e contemplem competências diversas no campo da saúde, da psicologia, da ação social.
- Que implemente uma estratégia nacional de segurança epidemiológica nestes equipamentos residenciais, com a disponibilização de diagnóstico e rastreio epidemiológico na frequência necessária a salvar vidas e evitar novos surtos nestas populações mais frágeis.
- E que, assim que possível, mobilize um trabalho de estudo e elaboração de propostas para a reformulação dos equipamentos sociais para os mais velhos.

Subscritores iniciais:

Adelino António Simões de Carvalho – Professor
Albertine Santos – Psicóloga
Albino Marques Figueiredo – Operário da Lisnave aposentado
Alexandra Marques – Educadora de infância
Alfredo Teixeira – Antropólogo, Professor universitário
Alice Caldeira Cabral – Assistente social
Ana Artur – Professora universitária
Ana Filipa Martins Pedrosa – Administrativa
Ana Honório Ferreira – Investigadora aposentada
Ana Teresa Brito - Professora do ensino superior
Anabela Salgueiro – Socióloga
André Valente – Investigador
António Figueiredo – Director de som
António Pedro Braga – Técnico de informática aposentado, baladeiro
Aracali Sanches Brandão – Técnica de informática aposentada
Armando Machado – Professor universitário aposentado
Aurora Carapinha – Arquitecta paisagista
Bernardo Vilhena – Produtor cultural
Carlota Alexandre Quintão – Socióloga
Catarina Ruivo – Realizadora
Catarina Vaz-Velho – Psicóloga clínica, Professora universitária
Cláudia Alves – Realizadora
Daniel Sampaio – Psiquiatra, Professor universitário
Diana Andringa – Jornalista
Estela Rodrigues – Educadora de Infância
Eulália Barros – Professora
Fernanda Henriques – Professora aposentada
Filipa Garnel – Professora aposentada
Filomena Barros – Professora universitária
Francisco Teixeira da Mota – Advogado
Helena Roseta - Arquiteta
Helena Topa Valentim – Professora universitária
Irene Sequeira – Assistente social
Isabel Bezelga – Professora universitária
Isabel Cruz – Professora aposentada da Universidade do Algarve
Isabel Duarte – Psicóloga e psicoterapeuta
Isabel Felgueiras – Psicóloga
Joana Guimarães Bravo – Directora de produção de cinema
Joana Lopes – Gestora aposentada
Joana Margarida Soares Coelho – Psicóloga
Joana Reis Alves – Enfermeira
Joana Vilhena de Carvalho – Arquitecta
Júlio Martín da Fonseca – Actor e Encenador
Lino Lourenço – Supervisor geral dos Comboios de Portugal
Luís Lito – Médico
Manuel Brandão Alves – Professor da Universidade de Lisboa
Manuela Castro Neves – Professora
Maria Cristina Morais Fabião – Médica
Maria da Assunção Folque – Professora Universitária
Maria da Conceição Moita - Professora do Ensino Superior
Maria da Graça Vilhena - Educadora de Infância aposentada
Maria das Dores Xavier Loução – Enfermeira de saúde pública aposentada
Maria do Céu Guerra – Actriz
Maria Emília Brederode Santos – Pedagoga
Maria Emília Leitão – Médica
Maria Ercília Duarte – Psicóloga clínica
Maria João Ferreira Lima – Fisioterapeuta aposentada
Maria José Afonso – Psicóloga clínica
Maria Luísa Mota Ruivo Martins – Técnica de diagnóstico e terapêutica
Maria Manuel Martins Vilhena – Médica pediatra aposentada
Maria Paula da Silva Pereira – Gerente
Maria Paula Lima da Fonseca – Engenheira química aposentada
Mário Brochado Coelho – Advogado
Marta Perez Cabral – Educadora de Infância
Marta Bettencourt – Educadora de infância
Miguel Beirão da Veiga – Fisioterapeuta
Nazaré Santos – Médica psiquiatra
Palmira Assunção – Porteira
Paulo Trigo Pereira – Economista, Professor universitário
Pedro Barreiros – Médico consultor de Medicina Interna
Preciosa das Dores Figueiredo – Contínua na função pública
Rita Wengorovius – Actriz, Teatro e comunidade
Rosário Horta – Enfermeira de saúde pública aposentada
Rui Cabral – Analista de sistema
Rui Manuel da Silva Rodrigues Guerra – Psicólogo aposentado
Silas de Oliveira – Jornalista
Teresa Lima – Professora
Teresa Maria Vasconcelos – Professora do Ensino Superior
Teresa Nóbrega – Técnica na Autoridade Tributária e Aduaneira
Teresa Sarmento – Professora universitária
Tereza Carneiro Picão de Abreu – Empresária/gestora de alojamento local
Tereza Pereira Mota – Investigadora aposentada
Vânia Chaves – Professora universitária aposentada

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