Petição Pública
Pela Preservação Da Igreja de Almada (obra icónica da cidade)

Assinaram a petição 626 pessoas
A igreja nova de Almada (Igreja de Nossa Senhora da Assunção), projetada pelos arquitetos Nuno Teotónio Pereira, fundador do MRAR - Movimento de Renovação da Arte Religiosa, e Nuno Portas, último presidente daquele movimento, foi desenhada e projetada para marcar uma época em que o espaço físico da Igreja se aproxima do cristão e em que a mesma é despojada do muito ao que obsta, materialmente, a essa aproximação.

O espírito do concilio do Vaticano II encontra na igreja de Almada um enorme expoente. A simplicidade e despojamento de linhas contrariam a habitual (à época) construção de igrejas, tentando simplificar a mensagem de Deus que durante muito tempo se confundiu na opulência e na construção de edifícios religiosos.

A linguagem dos seus espaços e dos seus elementos foi por isso concebida de forma coerente, simples, mas digna, valorizando o encontro da comunidade em torno da mesa da Eucaristia.

Após a sua inauguração, a qualidade arquitetónica da igreja de Almada fê-la ser justamente reconhecida como uma obra maior da arquitetura moderna portuguesa, tendo sido então publicada nas páginas das revistas Arquitectura e Binário, bem como na publicação espanhola ARA - Arte Religioso Actual, que nas suas páginas revelou grande entusiasmo relativamente a este projeto, tendo-o incluído em 1970 na lista das 10 obras mais significativas de arquitetura religiosa produzida em Portugal nos anos 60.

Para que não se perdesse rigorosamente nada do espírito do seu projeto inicial, todas as alterações/acabamentos efetuados até há três anos, algumas com a colaboração de Manuel Cargaleiro, foram efetuadas com o acordo explicito do Arquiteto Nuno Teotónio Pereira (entretanto falecido), que pela fidelidade na sua vida e obras ao espírito do Concílio Vaticano II recebeu no ano de 2012 o Prémio Árvore da Vida, atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) em nome da Igreja Católica.

Recentemente foi apresentada à paróquia uma proposta - à revelia dos direitos autorais do Arquiteto Nuno Portas, residente no Porto, e dos herdeiros do Arquiteto Nuno Teotónio Pereira - que adultera todos os princípios edificadores desta obra, que foi difícil mas escrupulosamente respeitada pelos senhores Padre Jaime Silva e Padre Fernando Belo e por toda uma comunidade que desde sempre reconheceu e respeitou a diferença da nossa igreja como sendo uma obra de arte.

Nada na igreja de Almada está degradado ao ponto de necessitar de obras de reparação, muito menos de substituição. Bem pelo contrário, a igreja de Almada continua a ser a obra de arquitetura religiosa moderna mais qualificada de toda a diocese de Setúbal.

No próximo ano comemora-se o cinquentenário da dedicação da igreja. Comemorar uma data tão importante com a delapidação dos seus elementos mais nucleares é desconcertante e perturbador. Nada justifica e legitima a destruição deste património que é de todos e em primeiro lugar da sua comunidade que, concretizando-se a intervenção prevista, será também ferida na sua história, passada, presente e futura.

Vimos por estas razões, pedir-lhe que impeça imediatamente a realização deste atentado ao património histórico-cultural da nossa cidade.

Sem mais,

Os signatários da petição

P.S.- Endereço para visualizar as alterações preconizadas (ou nos “Links Relacionados” ao lado): https://www.paroquiaalmada.com
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