O serviço de Urgência Pediátrica do Centro Hospitalar Tondela - Viseu / Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões começou a encerrar, de sexta a segunda-feira, durante o período noturno, em março.
A decisão foi justificada com o facto de não haver, alegadamente, médicos especialistas suficientes para cobrir todos os turnos. Na altura, António Leitão Amaro, agora ministro da Presidência, gravou-se em frente a esta mesma Urgência, e lembrou que "precisamos de uma saúde que funcione para todos os portugueses". Condenou o fecho e justificou que a unidade de Viseu é a segunda maior da região Centro, servindo cerca de meio milhão de pessoas. Insistiu numa necessária mudança... e os portugueses responderam nesse sentido. Mas, nem três meses depois, a situação não só não mudou, como ainda piorou: a partir de junho, não há atendimento urgente pediátrico durante o horário noturno, entre as 20h00 e as 9h00.
O problema não é novo: desde o ano passado, com a saída de pediatras para o privado, e outros para a reforma, que a carência de especialistas se agravou. Durante o verão de 2023, houve solução: médicos pediatras de outros hospitais vieram cobrir turnos a Viseu, em regime de prestação de serviços. Agora, até nesta resposta, os profissionais são insuficientes, já que recentemente dois internos que terminaram a especialidade abandonaram a unidade. A agravar, está o facto de o concurso nacional para recém especialistas, do Governo, ainda não ter sido aberto. Quando for, provavelmente fica deserto, como aconteceu no ano passado, quando o hospital abriu vagas para suprimir as saídas. Qual a razão? Não há incentivos suficientemente atrativos para fixar especialistas. Nem do Ministério da Saúde, nem da Unidade de Saúde, nem da própria autarquia.
Perante a ausência de serviço em Viseu, a alternativa hospitalar é Coimbra, a 90 quilómetros de distância, pelo IP3, há anos em obras, e que nem o Presidente da República utiliza para visitar "a melhor cidade para se viver", ou então Aveiro e Guarda.... mas ainda são os próprios pais que devem contactar a linha SNS 24 ou o INEM, antes de se colocarem a caminho, pelos próprios meios, para saber se há disponibilidade para atendimento.
Há ainda as urgências básicas em Tondela e São Pedro do Sul, para dar resposta, mas com médicos de família, não pediatras.
Espero que esta mensagem chegue ao máximo de portugueses, com um lembrete: a saúde é um direito, não é uma bandeira política. Os bebés e crianças de Viseu, do Interior, não são menos do que os outros. Merecem ter acesso à saúde e ser tratados em tempo útil e com qualidade. Por favor, não os discriminem e arranjem solução para que a exceção do encerramento noturno não se torne a regra.
Obrigada pela atenção. Por todas as crianças!
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