Petição Pública
APOIO ÀS VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS NA IGREJA CATÓLICA PORTUGUESA

Assinaram a petição 59 pessoas
Reverendíssimo Núncio Apostólico em Portugal
Reverendíssimo Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
Reverendíssimos Bispos Residentes de Portugal
Reverendíssimos Bispos Eméritos de Portugal

Os abusos sexuais na Igreja Católica são uma realidade dolorosa e que nos inquieta a todos, Crentes e não Crentes, considerando que a Igreja Católica, como qualquer outra Instituição Religiosa que tem como fundamento o Evangelho e a Mensagem Cristã, deverá ser a guardiã dos Valores e Princípios basilares da Dignidade Humana.

Em boa hora, embora tardiamente, a Conferência Episcopal Portuguesa decidiu constituir uma Comissão Independente para estudar e averiguar todos os eventuais atos de abusos sexuais praticados por membros da Igreja Católica em Portugal, nomeadamente, Padres, Religiosos, Educadores, e outros responsáveis religiosos.

As conclusões dos trabalhos da Comissão Independente foram apresentados nos últimos dias e depois disso a Conferência Episcopal assumiu uma posição pública sobre os mesmos que só, a todos os que esperávamos uma atitude de aceitação e reconhecimento da responsabilidade própria da hierarquia católica sobre quaisquer crimes ocorridos, pode merecer o nosso repúdio.

"A verdade vos libertará", disse Jesus, e é essa Verdade que o Papa Francisco tem exigido que seja assumida e reconhecida por todos os Bispos no mundo inteiro, não deixando de ele mesmo impor as medidas necessárias para promover a justiça e a reparação de erros praticados pela hierarquia da Igreja em diferentes países, quando ocultaram ou omitiram à Justiça os crimes cometidos por Padres, Religiosos e outros Responsáveis dentro da Igreja em cada país.

A Hierarquia Católica em Portugal tomou uma direção diferente e, ao arrepio do que tem sido o apelo do Papa Francisco, pretende manter um véu de ocultação sobre os crimes cometidos no passado, mais remoto ou mais recente, refugiando-se em questões jurídicas e em formalismos legais.

Se no passado, e mesmo no presente, a Hierarquia Católica foi conivente com estes Crimes ao não agir contra os Abusadores, agora pretende esconder-se por detrás de pormenores técnicos, auto isentando-se de qualquer responsabilidade.

O que se espera da Igreja Católica em Portugal é que assuma as suas responsabilidades morais, não apenas legais, e que atue em conformidade. Porque os pecados dos seus antecessores, que não atuaram devidamente perante as denúncias de abusos sexuais cometidos na Igreja, recaem hoje sobre os Bispos que são os seus Sucessores, sendo a Igreja sempre a mesma.

Pedimos assim que a Igreja Católica não se fique apenas pelas palavras de pedido de desculpas ou por gestos de suposta homenagem como a construção de um monumento de homenagem às Vítimas. Porque isso não é suficiente. Além do mais, um Memorial com esta natureza e finalidade apenas terá como efeito acentuar o sentimento de injustiça, perante a ausência de outras respostas mais efetivas e que cheguem efetivamente às Vítimas e às suas Famílias.

As vítimas, do passado, do presente e do futuro, precisam e esperam mais da Igreja Católica. Esperam e precisam de apoio e reparação pelo Mal que lhes foi infligido.

Para isso pedimos que a Igreja Católica em Portugal crie um FUNDO DE APOIO ÀS VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS, com as receitas da Renúncia Quaresmal de todas as dioceses do país, que está a decorrer, e que seja anualmente reforçado através de um Ofertório Nacional promovido pela Igreja Católica em todas as Celebrações Dominicais, num Domingo da Quaresma, uma vez que este é o tempo por excelência de penitência, expiação e reparação pelos Pecados individuais e coletivos.

Seguramente os Católicos Portugueses contribuirão generosamente para este fim, uma vez que o apoio e a reparação às Irmãs e Irmãos que são vítimas dentro da própria Comunidade, a Igreja, é um ato genuinamente Cristão na senda do Evangelho.

Este Fundo deve ser gerido de forma independente por uma Comissão Nacional a constituir pela Conferência Episcopal Portuguesa e servirá tanto para financiar uma Bolsa de Profissionais (Terapeutas, Juristas, Apoio Psicossocial, etc.) disponíveis para apoiar as Vítimas e Familiares, como para compensar financeiramente as mesmas Vítimas por atos comprovados de abusos sexuais cometidos, nomeadamente, por Padres, Religiosos e/ou outros Educadores que atuem em nome da Igreja Católica em Portugal.

Pedimos Justiça para as Vítimas e a Justiça só é efetiva quando há Reparação do Mal causado.

O Primeiro Subscritor
Nélson José Nunes Araújo, Ex-Padre
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