CONTRA A INSTALAÇÃO DA CICLOVIA E A RETIRADA DE ESTACIONAMENTO NA AV. DE BERNA

POR UMA INTERVENÇÃO QUE GARANTA PARTICIPAÇÃO, MOBILIDADE, ESTACIONAMENTO E SEGURANÇA PARA TODOS

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) apresentou um plano para intervir profundamente na atual configuração da Avenida de de Berna, ao longo de todo o seu troço entre a Praça de Espanha e o Campo Pequeno. Da leitura do plano e imagens tornadas públicas pela CML entende-se que a instalação da ciclovia unidirecional em cada sentido contará com:

a) Eliminação de todos os lugares de estacionamento à superfície, ao longo de toda a avenida (mais de uma centena);

b) Supressão de uma via para automóveis em parte da avenida, com o reforço e segregação da via bus;

c) Eliminação de locais de cargas e descargas em toda a extensão do troço intervencionado;

d) Aumento da insegurança para os utentes das paragens de transporte público, que passarão a ter ciclistas a passar-lhes à frente no acesso aos autocarros;

e) Aumento da insegurança para os condutores devido à instalação de separadores modelo “zipper”, da empresa Zicla, conhecidos por danificarem pneus e jantes em caso de pequeno encosto dos rodados de motas ou de automóveis.

Deste plano não faz parte qualquer intervenção que crie uma alternativa aos locais de estacionamento eliminados. A eliminação afeta tanto o estacionamento de residentes que vivem na própria Avenida ou áreas limítrofes, em prédios de 5 andares praticamente todos sem garagem, como os locais de paragem temporária para quem necessita aceder à vasta oferta de comércio, restauração e serviços, como cliente ou fornecedor de mercadorias.

De ressalvar também a existência, no troço afetado, do Hospital Veterinário de Berna e da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, ambos locais de concentração e paragem para tomada e largada de animais e de pessoas oriundas de vários pontos da cidade, e nem sempre em condições de aceder aos locais sem ser de automóvel.

Pelo explanado, os subscritores solicitam à Assembleia Municipal o seguinte:

1º) A suspensão do arranque dos trabalhos até que seja dada uma alternativa aos locais de estacionamento eliminados, nomeadamente com o estudo de novos parques para residentes em estacionamento subterrâneo ou em silos, bem como o aumento do estacionamento nas ruas adjacentes;

2º) Que sejam mantidos ou até aumentados os locais atuais de cargas e descargas da Avenida de Berna, dado que será incomportável eles serem colocados nas ruas adjacentes e as mercadorias transportadas pelo passeio, sendo ainda de garantir locais de paragem junto ao Hospital Veterinário Berna;

3º) Que possam ser estudadas alternativas para promover a ligação ciclável entre a Praça de Espanha e a Avenida da República, nomeadamente com um aproveitamento das ruas paralelas, com menor fluxo de trânsito, que poderiam ser vias partilhadas;

4º) Que a intervenção atual não avance sem a audição de quem, direta ou indiretamente, veja a sua vida ou negócio afetados por esta intervenção, em sede de Consulta Pública, nomeadamente moradores e comerciantes da zona devidamente acreditados ou representados pelas suas associações;

5) Que a AML insista junto da CML pelo cumprimento das recomendações feitas a 12 de Janeiro, a propósito de outras petições sobre ciclovias, nomeadamente:

a) Que sejam consultadas as Juntas de Freguesia sobre projetos de implantação ou alteração de ciclovias no seu território, previamente à concretização dos mesmos;

b) Reforce os mecanismos de divulgação e participação junto da população directamente e indirectamente visada, e avalie a possibilidade de realização de sessões públicas aquando do desenvolvimento de projectos com forte impacto em termos de percepção de mobilidade, como são as ciclovias.



Os peticionários,

Avenidas Novas, 15 Fevereiro 2021

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